sexta-feira, 11 de janeiro de 2013

o dia em que eu odiei todas as cores

O verde, não quero mais ouvir nem ouvir falar. Por ter sido sempre tão bonito assim. Por ter assumido o posto de meu terceiro ombro. E por todas as vezes em que me pediu em casamento sem esperar eu dizer que sim, que com ele eu caso. (Foi-se pro mar ser gente importante sem nem esperar eu costurar meus retalhos e arrumar minha trouxa.)

Vermelho, pelo o que foi. Odeio você ter virado gente grande, chique e com planos muito mais adultos e elaborados que viver de brisa, arte ou amor, que nem nos sonhos traçados e suspirados nas tardes na universidade, aquelas tardes de café e riso fácil. É, sinto falta do riso também.

O azul, por ter me mostrado o tanto que a gente podia ser e logo depois ter ido ser céu em outro lugar. Lembro de ter raiva disso todas as vezes em que você me dá a mão p'reu sair do meu pocinho existencial e me resgata de mim.

Laranja, por ter maculado o pôr-do-sol. Como é que eu posso olhar pra minha hora favorita do dia sem lembrar de sentir saudade do meu pedaço dessa cor?

Rosa, rosa. Por que você não me deixa conhecer de flor? Da flor chamada você.

Você, Roxinha. Você mesma. Sabe raiva egoísta? É o que eu sinto, toda vez lembro do quanto você me acolhe quando aparece para, logo em seguida, ir passarinhar pelo resto do mundo afora. Tenho vontade de fazer ninho no seu cabelo, mas sei que você voa, sacode e pula tanto, que qualquer um que quisesse ficar por lá, teria que se segurar com muita força. E você é pura delicadeza.

E o Amarelo é a cor que eu mais odeio hoje. Por ser boba assim, querendo odiar o que ela tanto ama. No fundo, no fundo, ela odeia mesmo é o fato de vocês morarem longe, seja fisicamente ou do coração. Melhores amigos moram perto. Se os políticos fizessem alguma coisa que prestasse, fariam disso lei.